Infelizmente o abandono não tem idade, não é mesmo? Mas sigamos com a vida, chorem com o texto.
Desespero
Das
noites frias em que nos aquecíamos com vinho,
Sobrou
apenas o frio para aquecer minhas lembranças
E
a saudade que fica das conversas ensaiadas,
Cada
frase completando a outra, e assim por diante,
Agora
bebo sozinho esse licor de solidão,
Falo
para as paredes com esperança de ouvir resposta,
Louco
dentro apenas daquilo que é normal
Fecho
meus olhos, observo tua face – ponho-me a chorar,
A
fogueira acesa tenta suprir a falta do teu calor,
E
a sombra da cadeira que a luz da chama projeta
É
a única companhia para a mão trêmula
Que
tenciona escrever versos de dor e desamparo,
Mas
não me basta todo esse sofrimento,
Quero
gritos que possam preencher o teu lugar,
Quero
que esse silêncio acabe!
Ele
me faz lembrar do silêncio de nossa bocas unidas,
E
o pensamento me caça por todos os cantos,
Não
consigo fugir das nossas juras,
Que
cortam fundo o meu peito
E
me fazem sangrar,
Nem
cigarros, nem bebidas, nem mesmo as palavras,
Nada
me faz esquecer do teu perfume,
Nada
pode devolver minhas noites sem dormir,
Nelas
fiquei fumando, bebendo e escrevendo por ti,
Meus
olhos estão vermelhos e molhados,
E
de vez em quando para a janela voltam-se,
São
eles as janelas velhas e quebradas,
De
algo que algum dia foi minha alma.
J