19 outubro 2015

A Porta

Olá você, já parou pra pensar na quantidade infindável de segredos que as portas guardam? Quantos pedidos foram feitos e recusados, quantos beijos foram perdidos ou dados, quantos amores foram estimados e despedaçados? São realmente muitas coisas as que podem acontecer sob o batente de uma porta mesmo...

Eu sou uma porta... Isso mesmo
As dobradiças estão meio velhas
Mas eu ainda funciono bem
Desculpe se ranger, é um velho hábito

Eu sou uma porta, uma bem cansada
Uma que já viu tantas pessoas irem e virem
Que está cansada de deixar entrar as pessoas erradas
E cansada de de deixar as pessoas certas saírem

Essa extensão de mogno liso está velha
As dobradiças gastas já estão desalinhadas
A maçaneta não tem mais o brilho de antes
As desculpas já não passam mais por baixo...

Decidi que talvez me torne uma parede
E pare de ver tantos corações partidos passarem
Pare de acumular tantas lágrimas nos ornamentos
Tantos sonhos destruídos por batidas não correspondidas

Eu... Eu sou uma porta. Uma porta já gasta
Uma que decidiu que não se encaixa nesse mundo
De escolhas desesperadas e de lábios mudos
De amores perdidos e ouvidos surdos.
M