A criaturinha havia aparentemente adormecido, não fazia barulho a algumas horas. Eustáquio improvisara o que chamou de porta-bebê com os retalhos que estavam envolvendo a criança quando o encontrara. Ele parecia tão inofensivo enquanto dormia, tão tranquilo, que o astronauta quase desejara ser a coisinha.
Andando por algumas horas, Eustáquio encontrou algumas árvores peculiares no seu caminho em direção a sabe-se lá onde, afinal, tinha cinco dias de sobra até que a nave voltasse a sua posição inicial. Eram árvores diferentes das outras... Suas folhas eram amarelo-enegrecidas, e pareciam ter massa e volume bem mais que o aceitável para uma simples folha. Ele foi se aproximando, se aproximando, admirado com a beleza das folhas estranhas, que pareciam casulos... E quando chegou perto de uma bem grande, esticou a mão direita em direção ao objeto, a fim de estudá-lo mais a fundo. E então Alarme (nome gentilmente cedido ao bebê por fazer barulho demais) acordou chorando novamente.
E então as folhas comprimiram, e o casulo começou a se dilacerar... E as folhas começaram a produzir um som bem característico. Onde ouvira esse som? Um som rápido como uma lâmina que passa rapidamente girando próxima a sua cabeça... Nas selvas de Zangbar Quinto, planeta dos sistema Omeron Klappa, Eustáquio lembra de ter ouvido sons parecidos vindos da própria população de nativos do planeta, humanoides com genes de... De que mesmo? MORCEGOS!
As folhas vampíricas tomaram forma e começaram a perseguir nosso herói, que rapidamente tentava se desvencilhar da nuvem chamuscada que o seguia furiosamente. Depois de alguns minutos correndo, Eustáquio parou de súbito todo suado, Alarme parecia estar empapado também, mas permanecia quieto, esporadicamente soltando algum som quase inaudível em comparação à respiração pesada do astronauta. Que notou que não ouvia mais o barulho dos mamíferos mortais, será que o haviam perdido de vista? Não lembrava de ter corrido tão rápido ou ser tão ágil, na verdade, analisando memórias, sabia que era sempre um dos últimos a ser escolhido em qualquer esporte na aula de Educação Física do primário.
Nem bem teve muito tempo para pensar no assunto, pois ao virar-se para a direita, deparou-se com um vale pedregoso tão deslumbrante quando pedras formando um vale poderiam ser, que começava a ser iluminado por... O que era aquilo? Línguas de fogo, um mar delas, um mar de línguas de fogo vinha na direção da encosta em que nosso protagonista se encontrava, era a noite dando adeus e iniciando um raiar do dia assassino.