31 agosto 2015

Sem

Olá vocês! O fim de semana foi particularmente complicado e me fez mergulhar em uma busca de alívio. O poema de hoje não é o que eu quero para representar o que sinto, mas é o que posso compartilhar por enquanto.

Sem palavras para dizer aquilo que não devo,
Sem palavras para dizer que amo ou odeio,
Sem palavras para pedidos desesperados,
Sem palavras para serem ditas ao vento,

Sem tempo para amar ou esquecer,
Sem dinheiro para pagar pelos pecados do passado,
Sem vida para dar aos que não podem viver,
Sem vontade de sair da cama de conforto,

Sigo mesmo sem ter motivos para seguir,
Sem pressão ou depressão, inválido,
Sem gosto, sem doce e sem amargo,
Uma vida cinza como as paredes do egoísmo,

Sem igreja para implorar perdão,
Sem amigo ao lado para chamar de irmão,
Sem janela para o amanhã e depois,
Sem escada para voltar ao teto de sonhos,

Sem cores para a nossa aquarela velha,
Sem peixes para as tardes de pesca,
Sem grama em nosso sítio de tranquilidade,
Sem sorriso de conforto aos domingos de manhã,

Sem os poucos cabelos da cabeça,
Sem o braço torto e sem cicatriz,
Sem a camisa, o calção, sem as sandálias,
Sem dor, sem sofrimento, sem agonia,

Resta apenas o que nos ensinou,
O legado da sabedoria despreocupada,
O conselho na hora certa, sem repreensões póstumas,
O ajudar ao próximo, doando-se de corpo e alma.
J