08 outubro 2015

Copos Vazios

Olá vocês! O poeminha de hoje é meio estranho e eu não sei explicá-lo em um parágrafo de introdução. Basicamente eu não sei se vocês, leitores, vão compreendê-lo, na verdade também não sei se eu mesmo compreendi.

Sobre a mesa, dois copos parados e vazios,
Eles conversam entre si como velhos amigos,
Falam sobre os tempos em que estavam cheios,
Falam sobre a vida quando ainda haviam motivos para viver,

Ouço a conversa de perto, esperando o momento oportuno,
Ergo minha mão como se fosse apontar mas desisto,
Como poderia um homem, um insignificante homem,
Dialogar com dois objetivos tão sábios ao tempo?

Volto-me para o Sol que ao longe se põe,
Como seria a vida, se não fôssemos feitos de carne e ossos?
Sem amor, sem ódio, apenas.. pedra, água e barro,
Mas essa ideia é tão inútil e desmotivadora,

Ouço um grito sobrepor-se à conversa, é Paola
A mulher com quem casei dez anos atrás,
Ela parece tão brava, está gritando algo sobre divórcio,
Vive falando em divórcio essa mulher, é uma chatice,

Discutimos ali mesmo, na varanda,
Os copos são testemunhas do nosso diálogo, ou a falta dele,
Paola está com as malas prontas, veio apenas avisar,
Vai para a casa da mãe dela ou sei lá o que,

Pois bem, se é o que quer, pode ir. Eu disse,
Só não vai achando que depois pode voltar,
Algumas coisas nós fazemos achando que são um "teste",
E depois não há mais volta,

Os copos sobre a mesa entreolharam-se e riram de toda aquela bobagem.
J