Olá você... Me perdoem por invadir o dia do Sr J, pedi sua permissão para postar hoje. Eu me sinto meio estranho exatamente agora. Muito melancólico pra ser mais exato... Acabo de receber a notícia de que a filha de um amigo dos meus pais veio a falecer, instantes atrás. Ela lutava a pouco, com um recentemente descoberto câncer de intestino, e este maldito acabou por levá-la. Eu nunca conheci ela, não sei nem o nome da dita cuja, soube pela minha mãe que ela tinha 27 anos. Isso mesmo... Eu sofro por desconhecidos... Eu sofro pelas perdas dos outros, eu choro sem lágrimas. A mesma dor no peito de quando se é criança e seu sorvete de morango cai no chão, ou quando seu amigo fura seu olho e beija a garota dos seus sonhos, ou quando se perde uma ótima oportunidade de emprego, ou quando se perde... Alguém. Essa é a dor que eu sinto ao saber que alguém com quem já tive contato está sofrendo agora. Me amando ou me odiando, o meu pesar toma conta das próximas horas, e eu fico na mais profunda escuridão emocional, exatamente como estou agora. Em respeito à essa pobre vítima das circunstâncias a inspiração das trevas soprou em meu ouvido, e agora me desato a vagar nos floreios dúbios de um lobo solitário.
Nobre fio de prata que agora flutua leve
Você não me conhece mas eu lhe sei de cor
Hoje a noite está minguada e triste, ela será breve
Pois mais uma filha sua se torna estrela
É nisso que nós, os lobos, acreditamos
Eu já fiz parte de uma família dessas
Mas me retirei para o âmago da noite
E lá fiquei, sem salvação ou auxílio
Há quem diga que prefere o exílio
Mas eu não me arriscaria a tal ousadia
Quem vive sozinho... Sozinho vive...
E essa é uma vida miserável, acredito
Eu sou o ômega perdido entre os números
Aquele diferente de todos os alfas e betas
E nem por isso único, somente mais um entre tantos
E aqui estou, acompanhado pelo absoluto silêncio
Na mais profunda escuridão, é lá que me encontro
Eu posso sentir os lamentos que gélidos me prestam soluços
Eu sinto o amarelo das íris escorrendo em busca de motivos
Eu ouço o choro dos que te amavam, fio de prata. E ele me dói,
Então eu uivo de volta, um ganido agudo de dor
Não me importo que ouçam, sejam eles quem for
E então o couro se ergue, o luto se abre em flor
E nos entregamos à mãe Lua, nos deixamos cair no torpor.
Eu não sei teu nome, fio de prata, não sei quem foi na pele passada
Mas eu me sinto, de alguma forma, ligado a você, e isso me basta
Pois assim somos nós, irmãos na caçada, amantes na matança
Ouça o lamento dos desconhecidos! O céu lhes responde chorando.
M