05 outubro 2015

Cidade de Mentiras (Crise Existencial)

Olá vocês!
Sabe aqueles dias em que você não tem lugar? Quando sua consciência se pergunta "o que eu estou fazendo aqui?", talvez possamos chamar isso de crise existencial. Embora o "eu" surja várias vezes dentro do poema, creio que é apenas para facilitar a identificação do leitor, o poema não é autobiográfico.

É engraçado como muitas coisas não são o que
Realmente parecem ser, pequenos traços de mentiras,
Como se a verdade estivesse chegando e de repente enroscasse
Em um fragmento de um pensamento aleatoriamente errôneo,

Talvez por isso seja tão complicado acreditar e sentir,
Porque estamos constantemente cercados de pequenos pecados,
Porque erramos constantemente e sabemos que
Até mesmo o mais belo e gentil dos seres também erra,

Apenas entristece-me que nessa grande cidade de mentiras,
Onde as pessoas mentem que amam umas as outras,
O que realmente me deixa cabisbaixo,
É terminar minhas noites sozinho, na sacada,

Talvez o mais triste mesmo, seja o fato de que
Prefiro a mentira à solidão, no fundo anseio por mentiras,
Quero voltar a ser o único amor, o amor da vida,
Quero voltar a pensar que essa forma exagerada de amor realmente existe,

Talvez se eu parasse de ser tão sério,
Se eu quisesse menos que as pessoas me ouvissem,
Talvez se eu me importasse menos, mas fingisse que me importo,
Assim teria meu lugar nessa cidade de mentiras,

Mas são tantos "talvez" que eu acabo por me deixar aqui,
No tapete dessa casa-de-ninguém, vazia, sem teto,
E ao meu redor a cidade de mentiras se desconstrói com o ar noturno,
Amanhã será outra, com outras pessoas falsas e seus falsos amores.

J