09 novembro 2015

Lembranças Do Que Não Existiu

Sabe aquele almoço em família de domingo? Preciso te dizer que você conseguiu tornar eternos os poucos almoços da minha família dos quais participou. O dia no sítio ficava mais feliz quando passávamos na sua casa para buscá-la, ou melhor ainda, quando você passava a noite anterior na minha casa. Íamos logo cedo, e eu sempre avisava para que levasse algumas mudas de roupa a mais, caso decidíssemos fazer algo.
Quando o domingo não era ensolarado e também não tinha sinal de chuva, nós lavávamos o carro do meu pai. Fazíamos tudo enquanto jogávamos água um no outro (e o carro era o que menos se molhava no final). Lembro que em certa tarde, te puxei para um beijo demorado enquanto segurava a mangueira voltada para o céu, uma "chuva artificial", não foi nem um pouco parecido com as cenas dos filmes, mas compensamos a falta de glamour com felicidade. Acabávamos o serviço perto do pôr-do-sol.
Depois de nos secarmos, um lençol era estendido na grama seca e deitávamos olhando para o céu azul, cortado por linhas laranjadas. Um domingo em especial ganhou lugar entre minhas melhores lembranças, você olhando para o céu e eu sentado ao seu lado. Inclinei-me para olhar em seus olhos e em seguida sussurrei no teu ouvido:
- Você é minha?
Olhamos um para o outro por alguns instantes e com um brilho nos olhos você respondeu:
- Sua...
- E se nos distanciarmos? se terminarmos?
- Vamos nos reencontrar - Você me puxou pela gola da camisa até que estivéssemos separados por poucos centímetros, então retribuiu a pergunta - E você, é meu?
- Até que se canse de mim - Respondi, com um sorriso no rosto.
No carro, o rádio tocava o CD do cantor Ed Sheeran, e o destino escolheu Thinking Out Loud como trilha sonora para o nosso mais vívido beijo.

J