Sabe aquele almoço em família de domingo? Preciso te dizer que você conseguiu tornar eternos os poucos almoços da minha família dos quais participou. O dia no sítio ficava mais feliz quando passávamos na sua casa para buscá-la, ou melhor ainda, quando você passava a noite anterior na minha casa. Íamos logo cedo, e eu sempre avisava para que levasse algumas mudas de roupa a mais, caso decidíssemos fazer algo.
Quando o domingo não era ensolarado e também não tinha sinal de chuva, nós lavávamos o carro do meu pai. Fazíamos tudo enquanto jogávamos água um no outro (e o carro era o que menos se molhava no final). Lembro que em certa tarde, te puxei para um beijo demorado enquanto segurava a mangueira voltada para o céu, uma "chuva artificial", não foi nem um pouco parecido com as cenas dos filmes, mas compensamos a falta de glamour com felicidade. Acabávamos o serviço perto do pôr-do-sol.
Depois de nos secarmos, um lençol era estendido na grama seca e deitávamos olhando para o céu azul, cortado por linhas laranjadas. Um domingo em especial ganhou lugar entre minhas melhores lembranças, você olhando para o céu e eu sentado ao seu lado. Inclinei-me para olhar em seus olhos e em seguida sussurrei no teu ouvido:
- Você é minha?
Olhamos um para o outro por alguns instantes e com um brilho nos olhos você respondeu:
- Sua...
- E se nos distanciarmos? se terminarmos?
- Vamos nos reencontrar - Você me puxou pela gola da camisa até que estivéssemos separados por poucos centímetros, então retribuiu a pergunta - E você, é meu?
- Até que se canse de mim - Respondi, com um sorriso no rosto.
No carro, o rádio tocava o CD do cantor Ed Sheeran, e o destino escolheu Thinking Out Loud como trilha sonora para o nosso mais vívido beijo.
09 novembro 2015
Lembranças Do Que Não Existiu
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