Há dias, em que a chuva não cai do céu,
A tristeza não vem do coração, mas dói na pele,
Há dias em que fugir não significa correr ou esconder-se,
E uma palavra não dita, diz mais que todos os olhares,
Há dias em que a solidão não é um pesar,
As lágrimas não forçam o choro, nem o riso,
Há dias em que tudo o que precisamos é rasgar o passado,
Picotá-lo até que a história seja diferente na lembrança,
Há dias em que tudo parece perdido, desgastado,
E você observa o mundo do fundo de um lago,
Intocável, invisível. Insensível? Nunca,
Há de tudo um pouco nesses dias, menos algo,
Algo que faça com que a angústia alivie o coração,
As paredes te afastam da causa da dor,
Mas não há parede que afaste de ti aquilo que você é;
Um ser que pensa, vive, e sofre,
Sofremos porque é bom, porque há dias em que
Sofrer é a única forma de sentir algo relevante,
Há dias em que entre a dor e o nada, doer tornar-se
Uma opção surpreendentemente bela,
Sofremos porque existem momentos em que ser feliz não basta,
Sofremos porque isso nos dá o direito de reclamar,
De gritar, chorar, de sermos mais protagonistas da nossa própria história,
Assim vivemos: com um olho na dor e o outro naquilo que vem depois dela.
J