27 novembro 2016

Os Opostos se Amam

Olá você, hoje acordei inspirado para finais felizes, quem me conhece sabe que isso é um evento que ocorre uma vez a cada 10 mil anos. Pois bem, esse poema carrega alegrias de alguém que já muito sofreu, ele é cheio de referências à outras composições minhas às minhas antigas musas inspiradoras, como a Dama do Céu e a Senhora das Estrelas, e ainda uma certa ruivinha que abandonou o senhor das Estações. Pobre homem, desolado decidiu desistir da vida, mas será que conseguiu? O que aconteceu?

Depois que a chuva cessara para sempre
E a Lua abandonara os céus escuros
Deixando as estrelas chorando sem amparo
As estações foram evanescidas da existência
E agora o Sol era seu único reconforto

O pobre senhor que a tudo sabia,
Descobriu que seu nome era vago
Descobriu que por não saber amar direito
Todas as suas damas lhe abandonaram
Lhe deixando na seca eterna e brilhante do deserto

Em sua fúria decidira que recriaria o mundo
Um onde essas malditas mulheres não lhe pudessem ferir
Uma onde elas nunca tivessem existido
Não lhes dando chance de apaixonar o pobre homem
Poupando-lhe o dilacerado coração de sofrer ainda mais

Então se transformou em tufão de fogo
Decidira que a tudo pintaria de negro
E repintaria o mundo com outras cores
Cores que lhe fizessem esquecer suas decepções

As florestas imponentes viraram montes de pó,
Os desertos agora eram montanhas de vidro
A neve não mais existia, era apenas lembrança
E a tudo o artista implacável pintara de negro
Até que chegara ao oceano, mas fora vencido pelas ondas

Derrotado e desiludido, destruíra seu mundo agora via
Ele fora um péssimo gestor, pensava, seu coração chorava
Então como capricho do destino, as ondas foram aconchegando-o
Em abraço materno, e foram arrastando-o às profundezas

E ele fora levado ao limiar do azul e o preto, e era tão intenso
Nada podia ver além de silhuetas que lhe rodeavam em curiosidade
Até que o responsável pelo seu fracasso resolveu se aproximar,
Era a coisa mais linda que já vira, o dono dos seus pesadelos

Meio homem meio peixe, de cauda formada por correntes
O peito brilhava ostentando escamas de todas as cores impossíveis
Os braços ornados de uma manta de algas se enrolava como tatuagens
A barba espessa, escura, desenhando-lhe as linhas do rosto
Linhas que o próprio Michelangelo retrataria em prantos devido a tal beleza
Nos cabelos desgrenhados de garanhão das ondas, uma coroa de corais amarelos
Olhos de pérolas negras azuladas, capazes de prender um pássaro em pleno voo
E aquela boca... Lábios proeminentes e sedutores que puxavam a respiração alheia

O homem perdera o fôlego no momento em que seus olhos encontraram o vazio azul
Naquele dia, o destruidor da terra morreria sem ar, por suspirar demais por seus amores
Mas o senhor dos oceanos não o deixaria ir embora, então juntou todas as bolhas que encontrara
Engoliu, e com um beijo terno, soprou a vida pelos pulmões do turbilhão em brasa ardente
E o fogo aprendeu a amar a água, e incendiar-se submerso, ser quente mesmo afogando-se

E assim se amaram os dois pelo profundo, o incêndio iluminando o caminho
Onde quer que fossem, desbravando o caminho em nome de seu amado
E o oceano em beijo eterno, provendo-lhe ar para que nunca se extinguisse
Talvez o mundo não precisasse ser recriado a fim de encontrar amor...
M